“Mas a pele dele era tão quente
como a areia sob os meus pés;
os olhos dele eram cor de mica
e eu sentia-me diferente.(…)
A boca dele sabia a pêssego,
a lã,a metal e a vinho.
Todos os meus sentidos
pareciam subitamente despertos;
o odor do mar e das dunas;
os ruídos das gaivotas,
da água e das vozes distantes na praia
e os leves estalidos da erva a crescer;a luz.
Submergiam-me. Subjugavam-me.
Rodopiavam vertiginosamente;
sentia que em qualquer momento
podia explodir como um foguete,
rabiscando o meu nome em estrelas
no céu deslumbrante. (…)
O vestido vermelho deslizou quase sozinho.
A camisa de Flynn foi fazer-lhe companhia;
por baixo dela,a sua pele era pálida,
apenas levemente mais escura do que a areia
e ele devolvia-me os beijos como um homem
sorve golfadas de água depois de andar
vários dias perdido no deserto.
Sofregamente, sem fazer uma pausa para respirar,
até ao momento em que a nossa consciência se afunda.
Nenhum de nós falou até saciarmos a nossa sede;
emergimos de uma espécie de torpor
e encontrámo-nos estendidos,cobertos de areia e suor,
com as ervas secas da duna baloiçando
sobre as nossas cabeças e a parede branca
e ardente do bunker e o mar ao fundo tremeluzente
como uma miragem.Ainda entrelaçados,
ficámos a olhá-lo num silêncio longo e complexo.”
como a areia sob os meus pés;
os olhos dele eram cor de mica
e eu sentia-me diferente.(…)
A boca dele sabia a pêssego,
a lã,a metal e a vinho.
Todos os meus sentidos
pareciam subitamente despertos;
o odor do mar e das dunas;
os ruídos das gaivotas,
da água e das vozes distantes na praia
e os leves estalidos da erva a crescer;a luz.
Submergiam-me. Subjugavam-me.
Rodopiavam vertiginosamente;
sentia que em qualquer momento
podia explodir como um foguete,
rabiscando o meu nome em estrelas
no céu deslumbrante. (…)
O vestido vermelho deslizou quase sozinho.
A camisa de Flynn foi fazer-lhe companhia;
por baixo dela,a sua pele era pálida,
apenas levemente mais escura do que a areia
e ele devolvia-me os beijos como um homem
sorve golfadas de água depois de andar
vários dias perdido no deserto.
Sofregamente, sem fazer uma pausa para respirar,
até ao momento em que a nossa consciência se afunda.
Nenhum de nós falou até saciarmos a nossa sede;
emergimos de uma espécie de torpor
e encontrámo-nos estendidos,cobertos de areia e suor,
com as ervas secas da duna baloiçando
sobre as nossas cabeças e a parede branca
e ardente do bunker e o mar ao fundo tremeluzente
como uma miragem.Ainda entrelaçados,
ficámos a olhá-lo num silêncio longo e complexo.”
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